segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Espera e Destino


"A Espera é uma companheira velha e agourenta, tão diferente da fresca e perfumada Esperança. Esta não está mais aqui, me deixou dizendo que iria procurar novos rumos, novas vidas... que não tenho nada de novidade... afê, quisera eu tão pouco da vida às loucas aventuras!


Estive aqui sentando a sua espera junto a essa amarga companhia, olhando o horizonte. Quem sabe se Esperança voltasse o que traria junto?

Hahahaha!!! Espera ri das minhas tolices, diz que isso não acontecerá e que fico chamando a doce Ilusão.

- Garoto, deixe de bobagem e pare de chamar Ilusão. Deixe-a em paz, ela só fará você sofrer!

Um homem escuro e de feição pesada vem ao meu encontro, seu rosto é marcado pelo Tempo e seus cabelos já não possuem cor. Um frio percorre a minha espinha quando eu ouço as palavras que saem dos lábios daquele homem sombrio. 

O céu escureceu e o vento se fez presente. Até o corvo que ali estava emudeceu, tratou de bater suas asas e sumiu no horizonte.

Estranho como não havia som de nada, a vida cedeu seu momento e calou-se diante dele. Também não ouve som de sua boca, mas eu o ouvia como um grande trovão em uma tempestade de ruídos e sentimentos. Eu o senti entrando em mim quando cruzei seus olhos cinzas, ele não piscava.

A dor cortou minha alma e sangrou meu coração quando ele me deu as costas e caminhou para longe... entendi nesse momento que a Distância me acenava todo o tempo e a Lágrima beijou-me a fronte... e em um sussurro soprou-me dolorosamente: meu doce menino, ele é Destino...

E nada pude fazer até hoje..."

extraído de "O Coração: Contos Inacabados do Amor"